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Essa semana, como de costume, fui a banca de jornais atrás das novas edições de alguma revistas femininas que costumo ler. Além de gostar do ‘formato revista’ de leitura, faço sempre o exercício de análise das publicações, como hábito mesmo da profissão, para ver como os impressos têm lidado com as novas mídias, a questão da interatividade com o leitor, as ações, enfim. 

Eis que, este mês, quando cheguei a banca de jornal dei de cara com a seguinte situação: duas das principais revistas femininas da faixa entre 20 e 30 e poucos anos com a mesma, ATENÇÃO SENHORES, com A MESMA modelo na capa. A moça quem era? A figurinha repetida em 10 dentre 10 capas de revistas para as mulheres: Gisele Bundchen.

Gisele em dose dupla - Além da capa, praticamente a mesma pose!

Gisele em dose dupla - Além da capa, praticamente a mesma pose!

Nada contra a uber model, mas…ela ainda não cansou não? Ninguém está de saco cheio de ver a moça em capas de revistas, com praticamente as mesmas histórias?! Eu já cansei dela, das histórias da Vida, da foto da moça limpando apê de Nova Iorque, dos namorados…aliás, cada vez mais, canso da falta de originalidade das revistas!

A GLOSS justificou a capa por conta da edição comemorativa de um ano de vida da revista. Gisele foi a modelo da edição número 1 e, agora, na edição 13, volta a publicação no que a diretora de redação chamou de “inauguração do primeiro repeteco”.

A CRIATIVA, por sua vez, apostou no lado “ecologicamente correto” da modelo para a capa de uma edição especial, na qual o leitor – ou melhor, a leitora – encontra um verdadeiro panorama sobre ecologia, atitudes conscientes e possíveis, práticas, para ‘salvar o planeta’.

Duas revistas femininas, com o mesmo público-alvo, com o mesmo preço (R$5,00), o mesmo formato (Inaugurado no Brasil, acredito eu, mas não tenho tanta certeza, pela GLOSS) e a mesma modelo na capa! Fiquei bastante incomodada e preocupada com a coincidência, eu explico os motivos…

Ao procurar revistas em uma banca jornal, uma das formas mais tradicionais de compra dessas publicações, somos atraidos, primeiramente pelo olhar. Quando eu cheguei a banca de jornal as duas revistas estavam lado-a-lado. E ai, qual escolher? Ambas as publicações já perdem pontos ai: a compra por impulso é, e muito, prejudicada. Afinal, Gisele por Gisele…

Diante de uma capa igual, vamos as matérias. Acomponho a GLOSS desde o primeiro número e, de uma forma geral, gosto da revista. Foi inovadora no lançamento, desde o formato até o público que pretende atingir, além de usar uma linguagem que aproxima, das matérias que traz, dos colaboradores ‘descolados’ e até a atenção que dá as redes sociais: está no Twitter e utiliza a ferramenta de forma eficiente no lançamento de cada edição. Compro como jornalista e como leitora, mas, confesso que vira e mexe me decepciono com a falta de profundidade das matérias e abordagem de temas mais tupiniquins.

Esse mês a revista traz uma matéia interessante e ousada, “um dossiê sobre o orgasmo”, qe nada tem a ver com aquelas matérias que estamos acostumadas ler em Nova (que aliás, é do mesmo grupo), outra sobre namoro na internet, um alerta sobre os riscos dos volumes que nos rondam (iPod, baladas nights, em casa…), sobre empregos temporários, além de outros assuntos importantes e dicas bacanas de moda / beleza.  Ah, divertida a matéria com o Rafael Cortez, do CQC, e de grande utilidade a “Sorriso metálico”. Além dessas, é claro, a edição 13 da revista traz vários outros assuntos  interessantes.

O meu “Tá Chato” dessa edição, além da capa repeteco da Gisele, foi a matéria com a Brad Pitt. E olha que eu acho o quarentão lindo! Mas, gente, a Angeline Jolie é linda, o Brad Pitt também, todos os filhos, agora, será que eles merecem tanta atenção assim da nossa imprensa, sobrtudo de revistas, uma vez que a internet disponibiliza a qualquer momento imagens e os últimos babados dos famosos de Hollywood? Será que não existem atores, cantores e outros brasileiros interessantes, descolados e interessantes suficientes que rendam matérias?

As capas do mês passado. E lá estava La Jolie na CRIATIVA. A GLOSS com a Carolina estava ÓTIMA!

As capas do mês passado. E lá estava La Jolie na CRIATIVA. A GLOSS com a Carolina estava ÓTIMA!

Eu sei que nesse ponto caimos naquilo que eu estudei na faculdade de jornalismo, do interesse do público e interesse público, na industria cultural, na imprensa de celebridades e tudo mais, por isso, sei da importância de uma Jolie e uma Gisele em uma revista, mas me incomoda o “mais do mesmo”, a falta de ousadia, de risco das revistas.

A Criativa é uma revista que só começou a me chamar a atenção quando assumiu o ‘jeito Gloss de ser’, rs. Até então, que eu me lembre (Ok, tenho 20 e poucos anos, não lembro de tanta coisa assim, mas já li um pouco por ai) a CRIATIVA era uma revista feminina voltada para um público de uma faixa etária mais acima, com foco em roupas, moldes, enfim, não me atraia tanto. E olha que em casa já fomos assinantes de muitas revistas…ao ponto de uma vez só receber 3 revistas femininas por mês. Depois que as revistas começaram a triplicar o espaço dos anúncios e como as 3 eram do mesmo grupo, resolvemos cancelar assinaturas desse tipo e comprar na banca, ao gosto do mês. Mas, voltando a CRIATIVA, a edição desse mês está imperdível. Eu explico.

A proposta da edição especial, “verde”, está atual, super atenada com a tendência mundial, mas o melhor de tudo: está verdadeira, possivel. Ou como a diretora de redção apresenta “Ecoconscientes sem ecoesnobismos”. Ponto para eles. As matérias falam de ecologia, explicam os efeitos, trazem artistas / celebridades, mas sem aquele blá blá blá que as vezes impera. A matéria “Pelados com causa” então, está sensacional. Original, pusada sem ser vulgar, plural…parabéns a equipe. Além dessa, outras que merecem destaque são “Especial – 100 idéis verdes (para usar ou arquivar” e a curiosa história de Inri Cristo.

O “Tá chato” da CRIATIVA fica mesmo com a dobradinha capa / entrevista com a Gisele. Com o todo, mesmo tendo uma com a Penélope Cruz, não fiquei tão chateada por mais essa estrela de Holly. nas minhas revistinhas brasileiras, rs. Vai ver que é porque a Penélope é uma das musas de Amodóvar, rsss.  

Pelo preço (R$5,OO), como leitora apenas, eu compraria as duas, pois estão complementares, porém, este mês, se tivesse que escolher uma, ficaria com a CRIATIVA. A falta de originalidade na capa foi compensada pelas matérias que recheiam a publicação. Como jornalista e ‘pseudo marqueteira’, rs, compro as duas e fico imaginado como estarão as cabeças pensantes dos dois grupos. Quais os rumos, as estratégias, as mudanças, os erros e acertos que eles consideram?

Enquanto isso, ficarei mais atenta ao ir até a banca da esquina…

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